Sanitários públicos acessíveis e autolimpantes – Tecnologia, inclusão e sustentabilidade
Mais uma vez, nos deparamos com uma publicação sobre acessibilidade. Um banheiro público acessível e autolimpante instalado em uma praça no município de Fraiburgo/SC.
Oba, parece que Santa Catarina está interessada em ser acessível e isto é muito bom! O vídeo está no perfil do Eduardo Ronchetti, um arquiteto especialista em acessibilidade.
Vamos analisar alguns aspectos a partir dos nossos conhecimentos sobre adaptações para pessoas com deficiência visual (DV) e verificar se, de fato, este banheiro é acessível.
Iniciamos com algumas considerações sobre as orientações e os botões na entrada. Seria interessante colocar braille e/ou um áudio para sinalizar as informações que são dadas através de luzes que se acendem quando o banheiro está “Livre”, “Desligado”, “Ocupado” ou em “Limpeza”. A abertura da porta funciona com um sensor acionado através da aproximação da mão no botão “Abre”. É claro que a pessoa com DV pode inferir algumas informações, mas disponibilizar o braille e o áudio seria, de fato, acessível.

Inclusão e diversidade devem andar de mãos dadas!
Outra questão que parece óbvia, só que não, é “como a pessoa com deficiência visual vai saber qual é o banheiro masculino e o banheiro feminino?”, uma vez que a prefeitura optou por sinalizar esta diferença através das cores azul/masculino e rosa/feminino. Convenhamos, são conceitos que já deveriam estar mais avançados quando pensamos na inclusão dos diferentes gêneros, não é mesmo? Outra coisa é que os 02 banheiros são exatamente iguais, então, porque não utilizar o banheiro que estiver livre? Sem preconceitos e sem a necessidade de identificação de gênero. Abaixo, uma sugestão de placa de identificação (só faltou o braille):

Continuando nosso tour, junto com o Edu, adentramos o banheiro e vemos que toda a estrutura interna é metálica. O banheiro possui barras de apoio bem instaladas e tem uma boa área de giro para pessoas com cadeira de rodas. O vaso sanitário fica ao fundo. De um lado um nicho onde está localizado o papel higiênico (que achamos difícil de pegar para quem tem alguma deficiência e/ou dificuldade motora nas mãos) e do outro lado, um outro nicho maior onde se faz a higienização das mãos. Acima há placas em braille e tinta sinalizando “sabonete”, “água” e “secador” e abaixo as mesmas informações são dadas através de pictogramas com desenhos de mãos.

Todas as etapas da lavagem das mãos são acionadas por um sensor de presença. Sugerimos uma placa que facilite a leitura de todas as pessoas, inclusive as com baixa visão – que são a maioria entre as pessoas com deficiência visual. A placa deve ter letras de forma maiores com um bom espaçamento; estarem em relevo e alto contraste. Além disto, deve ter o braille e pictogramas que facilitem, também, a compreensão de pessoas com deficiência intelectual e pessoas que não são alfabetizadas, como na sugestão abaixo:

Uma coisa bacana que não aparece na publicação do Eduardo, mas que pesquisamos em uma reportagem sobre a instalação destes sanitários é que sua fabricação tem tecnologia 100% nacional. O banheiro, ainda, tem a vantagem de ser autolimpante e utilizar apenas ¼ da água que seria necessária para a higienização de um banheiro normal. O planeta agradece o não desperdício de um recurso tão precioso à vida.
Enfim, com alguns ajustes, acreditamos que desfrutar de um equipamento urbano que proporcione acesso universal e respeite a diversidade é tudo de bom que uma cidade sustentável e amigável deveria proporcionar. Bora seguir os passos de Fraiburgo!
Fonte: OMDHA