Orientação e Mobilidade para além da deficiência visual
A Orientação e Mobilidade (OM) é uma área conhecida na Educação e Saúde por suas técnicas, procedimentos e estratégias para a movimentação das pessoas com cegueira, baixa visão, surdocegueira e deficiência múltipla.
Atua na promoção da acessibilidade, considerando o desenho universal e as tecnologias assistivas, entendendo que, a funcionalidade de uma ação está interconectada com o ambiente, suas possibilidades e as pessoas onde esta ação ocorre.
Podemos entender que, a partir do conceito de orientação que refere-se ao reconhecimento de distâncias, direções e relações espaciais da pessoa com o ambiente, dá-se a mobilidade de maneira segura e eficiente.
É uma área riquíssima em conteúdos psicomotores, perceptivos, cognitivos e sociais e, justamente por isso, nós do OMDHA, acreditamos no potencial da OM para ajudar um público mais amplo.
Idosos, pessoas com mobilidade reduzida, pessoas com outras deficiências, distraídos, desorganizados e até pessoas com dificuldades de orientação em novos espaços podem se beneficiar do conjunto de estratégias que a área possui para guiar as percepções e o pensamento na resolução de problemas.

A Orientação e Mobilidade para pessoas com deficiência visual no Brasil
No Brasil, a Orientação e Mobilidade é ofertada em instituições e Centros Especializados de Reabilitação (CER), além da possibilidade de atendimentos particulares.
Consiste em um programa sistematizado e gradual de aprendizagens que contempla:
- Desenvolvimento de requisitos psicomotores, cognitivos e emocionais;
- Utilização funcional dos canais perceptivos (visão residual, audição, tato, olfato e cinestesia);
- Habilidades básicas – Técnicas com a utilização do guia vidente, técnicas de autoproteção e técnicas com a bengala longa;
- Desenvolvimento da orientação (interpretação de pistas, estabelecimento de pontos de referência e relacionamento com o espaço e os objetos significativos do ambiente);
- Orientações para a locomoção em ambientes externos (área residencial, pequeno comércio e área comercial central);
- Orientações para utilização de transporte público (ônibus, metrô, trem e outros);
- Outras vivências (shopping, escadas rolantes, parques etc) e sistemas de mobilidade (cão-guia e aplicativos).
- Orientações para adaptação de espaços, tornando-os mais acessíveis e seguros, com ênfase no desenho universal.

Para conhecer melhor a área podemos acessar algumas publicações:
- Caminhando Juntos – Manual das habilidades básicas de Orientação e Mobilidade da Associação Laramara
- Rompendo Barreiras – Guia Prático de Orientação e Mobilidade do Instituto Benjamin Constant
Nas redes sociais, há pouco conteúdo de profissionais de Orientação e Mobilidade e o que encontramos, geralmente, são as próprias pessoas com deficiência visual compartilhando suas experiências.
Este, de maneira geral, é o cenário brasileiro.
A formação e atuação do profissional de OM
Como vimos acima, a Orientação e Mobilidade envolve uma variedade de temas. Isto exige dos profissionais muitas habilidades, incluindo boa capacidade física.
Atualmente, a grande maioria dos profissionais da área são formados em Educação Física, afinal entender a corporeidade em suas manifestações físicas e culturais é fundamental.
Trabalhar com pessoas requer entendimento das estruturas psíquicas e emocionais que compõem o desenvolvimento humano. Especificamente, trabalhar com pessoas com baixa visão e cegueira requer conhecimento de como a aprendizagem, a mobilidade e as interações são construídas diante desta condição.
Além disso, é preciso estar antenado com os avanços tecnológicos como os aplicativos que usam inteligência artificial, conhecer as políticas públicas e normas técnicas.
A contemporaneidade exige, ainda, respeito e empatia com a diversidade, sensibilidade perante as pressões que comprometem a saúde mental e os desafios que as cidades enfrentam com as mudanças climáticas.

Estudar e refletir para oferecer um trabalho de qualidade perante os desafios do nosso tempo fazem diferença na atuação de um bom profissional de OM. São temas sensíveis que não podem ser ignorados.
Somos um time apaixonado e sabemos do potencial que esta área pode proporcionar às pessoas, instituições educacionais, centros de saúde, espaços culturais e empresas para um ambiente mais inclusivo e seguro.
Esta é a nossa OMDHA!
Fonte: Orientação e Mobilidade (Felippe & Felippe, 1997), LBI (Lei 13.146/15)