Quando iniciar o uso da bengala longa? Reflexões sobre a experiência com bebês de zero a três anos da Escola para Cegos do Novo México (EUA)
Uma das práticas do nosso time são os estudos coletivos, onde cultivamos um espaço para troca de experiências e saberes.
De maneira geral, há organizações que promovem cursos e oficinas sobre deficiência visual, mas poucas oportunizam temas específicos ligados à área de Orientação e Mobilidade.
Aqui, vamos compartilhar nossas reflexões sobre a introdução da bengala longa para bebês.

Partimos de um artigo intitulado “Vamos nos movimentar e encontrar alguns fundamentos!” apresentado em uma Conferência no Texas (EUA), em novembro de 2024. As autoras, especialistas em OM e desenvolvimento da visão, trabalham na Escola para Cegos e Deficientes Visuais do Novo México (EUA). Elas oferecem um serviço de Orientação e Mobilidade para crianças de zero a três anos de idade para todo o estado.
Nas experiências compartilhadas pelo nosso time, não houve novidades quanto ao trabalho psicomotor que foi apresentado neste artigo. No Brasil, é comum que isto aconteça nos Programas de Intervenção Precoce oferecidos nas instituições especializadas e que têm propostas focadas no desenvolvimento global das crianças.
A utilização de brincadeiras; a participação ativa dos pais ou responsáveis e a introdução da bengala longa para crianças por volta dos três ou quatro anos de idade dependerá da abordagem e da disponibilidade de profissionais de cada lugar.
A introdução da bengala longa “exploratória” e de “ensino” para bebês com deficiência visual
O artigo despertou nossa curiosidade em 02 aspectos:
- A utilização de uma bengala “exploratória” antes da aquisição da marcha;
- A utilização de uma bengala de “ensino” para ser utilizada junto com a criança enquanto caminham.
Para nós, do OMDHA, a ludicidade é uma linguagem importante e, apoiados neste ponto, entendemos a introdução da bengala “exploratória” como um “brinquedo” a ser manipulado pelo bebê quando está aprendendo a sentar-se ou já senta de maneira independente.

Concordamos que a introdução da bengala longa pode se dar de maneira natural nesta fase, sem exigências voltadas ao domínio de técnicas e que, como elemento exploratório, a criança, apoiada por brincadeiras inventadas pelo adulto, constrói percepções táteis e auditivas específicas da interação da bengala com o ambiente.
As atividades com a bengala de “ensino” utilizada pelos pais ou responsáveis para auxiliar e guiar a criança enquanto caminham juntos foi uma novidade para nós e requer uma experimentação prática para analisar os benefícios.

Programa Específico de Orientação e Mobilidade de zero a três anos
Outro aspecto que nos chamou a atenção foi a proposta da Escola de Cegos e Deficientes Visuais do Novo México ter um programa específico de Orientação e Mobilidade de zero a três anos. O programa tem como foco o treinamento e orientação das famílias e percorre todo o estado.
Acreditamos que a utilização da bengala longa nos primeiros anos da criança, além da segurança e autonomia, introduz aspectos emocionais e sociais importantes para a aceitação da família e compreensão da comunidade.
Nesta fase, o trabalho com as famílias envolve a construção de um espaço de escuta, vínculo e apoio para que compreendam a importância das atividades cotidianas como base de um futuro com mais autonomia e segurança para suas crianças.
Concordamos que, ao orientar as famílias sobre os pré-requisitos da orientação e mobilidade, não estamos apenas ensinando técnicas, mas ajudando a criar um ambiente rico em estímulos táteis, sonoros e de movimento, onde o bebê possa entender seu corpo e se posicionar no espaço. Esse “treinamento” direto no cotidiano familiar é fundamental para que a criança, desde cedo, aprenda a confiar em suas capacidades e estabeleça as bases para um desenvolvimento global harmonioso e independente.

Enfim, foi uma discussão riquíssima que, em breve, esperamos abrir para que mais profissionais participem e contribuam no aprimoramento da área de Orientação e Mobilidade.
Abaixo, deixamos o link para o artigo e aguardamos seus comentários.
Fonte: “Let’s get moving and find some FUNdamentals!” (disponível em https://www.tsbvi.edu/tx-senseabilities/issues/tx-senseabilities-spring-2025-issue/om-birth-to-three)
Importante: Todas as fotos utilizadas nesta publicação foram retiradas do artigo estudado. Na foto do time OMDHA, estão ausentes 02 profissionais (Lilian e Márcia).